Os céus proclamam a glória de
Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro
dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras,
e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua
voz, e as suas palavras até aos confins do mundo (Salmo 19:1-4).
Um princípio que temos que observar é que todo efeito trás
marcas e atributos que explique sua causa. Se os efeitos
manifestam inteligência, vontade, poder e moral, tais atributos devem pertencer
a uma causa. Portanto, as obras de Deus são uma revelação de atributos
em uma escala mais elevada, pertencendo a Deus em um grau infinito (Salmos
94:9,10). Deus fez uma revelação de si mesmo no mundo externo, na natureza e em
nós humanos, pondo a imagem de si mesmo em nós. O senso de justiça, moralidade,
bondade e amor que existe em nós é uma revelação de que Deus é Justo, santo,
bom e amor, porém num grau muito mais elevado. O homem (Efeito), mesmo com sua
natureza corrompida pelo pecado ainda manifesta as marcas de sua causa (DEUS).
(1 Timóteo 4:2/ Thiago 3:9/ Genesis 1:26 / Romanos 1:18-25).
Possuímos uma natureza moral, infelizmente miseravelmente
deformada; Deus possui excelência moral em perfeição infinita.
A consciência dentro do homem diz: Farás ou não farás, Devo
ou não devo. Esses mandados não são auto-impostos. Implicam a existência de
um Governador Moral a Quem somos responsáveis. (Rom. 2:14,15)
Deus nunca deixou de dar testemunho de Sua existência: toda a Criação é um
livro aberto que em linguagem silenciosa, mas bastante clara, torna visível a
nós o Invisível. Este foi um dos argumentos usados por Paulo e Barnabé na
cidade de Listra, quando, para provar à população politeísta e idolatra que
eles não eram deuses, falaram sobre o verdadeiro Deus: "... o Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que neles
há; o qual nos tempos passados deixou andar todas as nações em seus próprios caminhos.
Contudo, não deixou de dar testemunho
de si mesmo. Ele mostrou misericórdia, dando-vos chuvas do céu, e
colheita em sua própria estação, enchendo de mantimento e alegria os vossos
corações" (Atos 14:15-17).
As Escrituras Sagradas mostram que aqueles que se negam a reconhecer a
existência de Deus, mesmo tendo os olhos do entendimento voltados para as suas
inumeráveis obras, serão indesculpáveis. É o que argumenta o apóstolo Paulo no
primeiro capítulo de sua Carta aos Romanos, cujos versículos 19, 20 í 21
constituem-se as bases da chamada "Teologia natural" defendida pelo
apóstolo: "... visto que o que de Deus se pode conhecer, neles se
manifesta, porque Deus lhes manifestou.
Pois os atributos invisíveis de Deus, desde a criação do mundo, tanto o seu
eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas
coisas que foram criadas, de modo que eles são inescusáveis. Pois tendo
conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes
seus raciocínios se tornaram fúteis, e seus corações insensatos se
obscureceram."
Porém, o fato de essas pessoas deixarem que essa capacidade natural de
reconhecimento da existência do Criador se atrofie, por falta de uso, não
significa que elas, apesar de possuírem um coração endurecido, não tenham sido
dotadas dessa capacidade. Todos os seres humanos a possuem, e é por isso que
muitos terão de responder diante de Deus por esse desconhecimento, conforme
escreveu o apóstolo Paulo.
NECESSIDADE DE UMA COMPLETA REVELAÇÃO DE DEUS
Diante do que foi exposto até agora, é necessário, porém, que isto fique
bem claro: a crença coletiva demonstrada por todos os povos quanto à existência
de um Deus soberano, e o testemunho de sua existência proclamado em suas obras
não se constituem numa completa revelação de Deus ao homem. Essas "pegadas
do Criador" impressas na Criação, conduzem o ser humano a conhecer o verdadeiro
Deus; porem não são elas que o levam a
aceitar e a se incluir no plano traçado pelo Criador para salvar suas
criaturas. Por isso, além de ter-se revelado na voz da natureza e na
consciência do homem, Deus se revelou também na Bíblia, através dos profetas, e
sobretudo no seu Filho, Jesus Cristo.
O caminho para Deus não está, portanto, nas estrelas (apesar de elas
proclamarem, em todo o Universo, sua existência), e sim na fé na pessoa de
Jesus Cristo autor e consumador dessa fé. O universo fala a todos da
existência de Deus, mas quem reconduz o homem ao seu Criador é Jesus Cristo, a
mais completa e perfeita revelação de Deus à humanidade.
A necessidade
de uma Revelação Sobrenatural
Alguns filósofos cristãos asseveram uma incapacidade do homem
conhecer a Deus, atribuem-na à sua cegueira espiritual ocasionada pelo pecado.
Portanto, embora neguem que Deus possa ser conhecido pelo não-regenerado,
afirmam que ele é conhecido por aqueles a quem o Filho o tem revelado (Mateus
11:27). De igual modo, embora o Apóstolo assevere que até os pagãos conhecem a
Deus (Romanos 1:18-25), em outra parte ele fala de um gênero de conhecimento que
se deve à iluminação salvífica do Espírito Santo (Romanos 16:25/ 12:2/ Gálatas
1:12/ Efésios 1:17,18/ 3:4,5). Os não regenerados através da revelação da
natureza e das escrituras, podem saber da existência de um Deus infinito, mas
são ignorantes quanto à sua natureza. Podem saber muito bem que existe um Deus,
sem saber o que ele é.
Necessitamos, pois de uma revelação divina sobrenatural. Desta
revelação é preciso lembrar, primeiramente, que ela nos comunica conhecimento
real. Ela nos ensina o que Deus realmente é; o que o pecado é; o que a lei é; o
que Jesus Cristo e o plano de salvação através dele são; e qual será o estado
da alma após a morte. (1 João 2:20,27/ João 14:26)
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